Centro Independente de Cultura Alternativa e Social - desde 18 de março de 2007

Esta página foi criada para registrar e expor, a opinião, a indignação e o sentimento de cada ser que construiu esta história, que hoje, é um aglomerado de sonhos e atitudes de cada pessoa que por aqui deixou sua marca. Estes são nossos rostos e nossas palavras.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Histórico CICAS

No distrito de Vila Medeiros, extremo norte da cidade de São Paulo, no bairro do Jardim Julieta, localizam-se os galpões da pretendida Cessão de Uso de Área Municipal, onde se solidificou através da ação comunitária e independente o CICAS - Centro Independente de Cultura Alternativa e Social, que hoje recebe o endereço de Avenida do Poeta nº 740, situado na ponta da Praça Padre João Bosco Penido Burnier, fazendo esquina com a Rua Carlos Calvo, cercado pelos 22 condomínios da COHAB Fernão Dias, a favela do Violão, o Campo de Futebol de Várzea da comunidade e o Terminal de Cargas Fernão Dias, o maior da América Latina, onde diariamente circulam mais de cinco mil caminhões vindos de Norte a Sul do país, aumentando esse fluxo a cada dia. Um dos galpões é constituído por um salão com palco, duas salas equipadas sendo a Biblioteca e o Estúdio de ensaios e gravações, cozinha, banheiros masculino e feminino, além de uma área externa onde estão o jardim e a horta comunitária, ambientes esses onde atualmente desenvolvemos nossas atividades. O segundo galpão abrigou até os dias de hoje o vestiário do Grêmio Recreativo Cidade Fernão Dias, que aguarda resolução de projeto de revitalização com as seguintes opções: a construção de uma nova sede ao lado do citado campo de futebol, deixando assim à disposição o antigo vestiário a ser integrado ao CICAS, ampliando e melhorando as condições estruturais da iniciativa, ou ainda, uma segunda opção, que seria a reforma e revitalização deste espaço, reabilitando e devolvendo suas funções originais, tornando a associação esportiva vizinha do projeto cultural CICAS.
Originalmente, a área onde se encontra o CICAS fora utilizada por associações de bairro como centro de convivência para os moradores da COHAB, servindo como local para reuniões, encontros e festas comunitárias, mas que por diversos motivos foi caindo em desuso e se degradando com o passar dos anos, sendo vitimado pelo vandalismo e toda espécie de criminalidade, vindos desde o tráfico e uso indiscriminado de drogas à prostituição infantil.
Convivendo com tal realidade e com a presença física do espaço abandonado, jogado a fins perversos, e tendo em vista o potencial para abrigar uma excelente ferramenta de mobilização e mudança social, em 2007 um grupo de artistas organizados se propõe a reverter esse processo, estimulando outros artistas e a própria comunidade a intervir na transformação, recuperando e devolvendo o espaço às suas condições básicas, construindo coletivamente um Centro Cultural, inserindo através das artes novas opções de entretenimento, formação, informação, produção cultural e de cidadania.


Foi então que em março de 2007, foi iniciado com o aval e apoio da comunidade local, o primeiro mutirão de limpeza e revitalização, que deu inicio a um duro e demorado processo até obtermos condições de adentrar e permanecer com segurança no espaço, até que fosse batizado o CICAS, em meio a uma realidade sócio cultural de extrema carência, principalmente nas áreas da informação, saneamento e educação, o que dificulta muito os processos de mudança e adaptação.
Englobando inicialmente as necessidades dos artistas independentes da região, estimulando-os na criação participativa de um espaço de livre expressão artística, que facilitasse o acesso tanto aos equipamentos culturais que dariam possibilidades de desenvolver e produzir nossos trabalhos de maneira sustentável e independente, quanto um espaço para apresentar, discutir e interagir com o público num mesmo ambiente, sem barreiras e demagogias, criando alternativas ao explorador mercado cultural, que por vezes impõe barreiras principalmente na formatação e difusão dos produtos e serviços artísticos independentes, e ainda interferindo e realçando questões ligadas às desigualdades sociais e profissionais, fazendo com que tanto o público quanto a produção e artistas circulem e acessem as mesmas ferramentas e recursos, dividindo informações e responsabilidades na realização de cada ação, e desvinculando-se apenas de propostas de cunho partidário ou religioso, conseguimos somar esforços e a partir das primeiras ações surgiu a visão de podermos alterar todo o contexto histórico e comportamental da região.
Tudo realizado na iniciativa era novo para a comunidade, que expressavam em diversas linguagens suas necessidades pessoais. Situação essa que veio ao longo dos anos moldando a proposta e interação do grupo nesta comunidade, que além do enfrentamento a todos os fatores de degradação e violência que assolavam o local e a praça, como invasões, furtos, esconderijos e abrigos para usuários de droga e prostituição, feiras do rolo, estacionamentos indevidos de caminhões e uma série de fatores violentos, também enfrentávamos o preceito e o preconceito da comunidade relacionado à área devido aos muitos anos de abandono, e infelizmente também em relação à aparência dos jovens ativos envolvidos nas ações iniciais de trabalho braçal e retirada do lixo. Mesmo em condições precárias, coletivamente construímos um ambiente no qual já poderíamos compartilhar muitas coisas e logo tiveram início diversas atividades culturais gratuitas, que foram aliadas a palestras e ações de conscientização e revitalização ambiental do entorno, possibilitando também através das intervenções externas, chamar a atenção e adquirir o apoio da comunidade nas ações, denunciando o abandono e o descaso social na região em que vivemos.


As atividades iniciais eram realizadas de acordo com as condições do ambiente e o primeiro beneficio a disposição da comunidade no CICAS foi a Biblioteca, que hoje recepciona de oficinas e cursos a reuniões de gestão e condominiais. Seguiram-se os meses, a qualidade do espaço foi sendo evolutivamente melhorada, e cada vez mais artistas e coletivos organizados apresentavam disposição e as apresentações musicais, teatrais, audiovisuais, literárias e comunitárias foram se tornando freqüentes. Após um ano o espaço já contava com uma programação permanente, realizada aos finais de semana, e em encontros semanais noturnos, devido ao compromisso de trabalho de cada um dos envolvidos na ação.
Dessa agenda, um núcleo de artistas, ativistas, colaboradores e simpatizantes foi moldado, construindo uma gestão aberta e inovadora, estimulando e mantendo a participação comunitária, a troca de investimentos e conhecimentos artísticos em busca de oportunidades e aprimoramento profissional desses tantos artistas em formação envolvidos e atingidos pelo projeto da construção do CICAS. Com essa proposta, construtiva e atrativa para ambos os lados, o CICAS foi tornando-se referencial entre os coletivos culturais da cidade, promovendo ciclos e intercâmbios culturais e abrindo campo para que os grupos em busca de espaço, estrutura e equipamento adequados para desenvolverem e apresentarem seus trabalhos, se firmassem com uma ação artística livre e de fato democrática.
Tivemos nessa perspectiva, o reconhecimento e apoio do Poder Público, tendo o grupo do CICAS, através da aprovação de seus projetos apresentados em leis de incentivo e prêmios culturais como o VAI – Programa para Valorização de Iniciativas Culturais da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (SMC) em 2009, que viabilizou a estruturação básica de um Estúdio de Gravações de áudio, o Co-patrocínio de Primeiras Obras (CCJ / SMC) em 2010, que está viabilizando a criação de um Livro e Filme Documentário da história e construção da iniciativa e suas relações com outras potencias culturais, e ainda em 2010, o Selo de Reconhecimento Federal e Aprovação como semifinalista da 3ª Edição do Prêmio Cultura Viva 2010 do Ministério da Cultura (MinC). Concorremos também ao Prêmio Pontinhos de Cultura 2010 (MinC), em análise, relacionado principalmente as atividades infantis, público este que cada vez mais tem se apropriado do espaço e da história do CICAS, que se aproximaram pela curiosidade e carência de diferentes aspectos, e esta evidente demanda ampliou ainda mais os objetivos do projeto que assumiu naturalmente sua parcela de responsabilidade, garantido espaço e atividades direcionadas as crianças, proporcionando o acesso livre à arte, cultura e lazer.


Atualmente o CICAS atende às expectativas de uma grande comunidade, em evidente e constante evolução, traçando metas e parcerias que visam sempre à ampliação das propostas e a abertura do diálogo entre artistas e comunidade, iniciativa privada e poder público.
Salientando ainda importantes relações firmadas atualmente como a parceria com o Laboratório de Extensão da FAU-USP (Lab-Cidade), Instituto Gaia (UMAPAZ), Agenda 21 e CADES Vila Maria/Vila Guilherme, além dos importantes parceiros que compõem nossa rede, relacionados em anexo.
A relação de eventos realizadas pelo CICAS nestes três anos de atividade, assim como a rede de parceiros e colaboradores que compõem o CICAS encontra-se anexo no envelope 1. Todo o registro documental de cada passo da iniciativa está disponível na internet em nosso Blog, com informações complementares, comentários dos participantes, fotos e muito mais.

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